Olafur Eliasson terá mostra no Sesc Pompeia
terça-feira, 22 de março de 2011Uma série de surpresas está guardada para a grande mostra do dinamarquês Olafur Eliasson, a partir de setembro, em três espaços de São Paulo. Convidado para ser a estrela principal do 17.º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil, sua mostra, com curadoria de Jochen Volz, vai se espalhar pelo Sesc Belenzinho, Sesc Pompeia e Pinacoteca do Estado. Olafur está criando obras novas para a exposição, sua maior exibição na América Latina. Mais ainda, a ocasião permitiu ao artista realizar agora seu primeiro trabalho em colaboração com um criador brasileiro: ele e o cineasta Karim Aïnouz começam a rodar em abril um filme baseado em São Paulo.
Percepção é o campo de excelência das criações de Olafur Eliasson, que em 2003 colocou um enorme sol artificial feito de lâmpadas, espelhos e fumaça no Turbine Hall da Tate Modern, em Londres – The Weather Projetc – , já uma das imagens mais impactantes da arte contemporânea dos anos 2000. Mais ainda, em 2008, ele criou cachoeiras – Waterfalls – em uma extensão do Rio Hudson, em Nova York.
Com o uso de luzes, cores, espelhos, mecanismos tecnológicos e ópticos, suas obras, em casos, referindo-se a fenômenos da natureza, incitam camadas para sensações de beleza. Clamam, mais que tudo, pela necessidade de uma observação mais sensível nos dias de hoje. Nesse sentido, seus trabalhos ganham mais força ainda quando criam um espaço entre a experiência individual e o espetacular. “Trabalho com sentimentos e emoções e me interessa como artista colocar como questão se você se sente parte de uma sociedade ou de um grupo de pessoas”, diz Olafur ao Estado.
Ele tem voltado seu olhar especialmente para São Paulo nos últimos meses. Está produzindo um grande labirinto de luzes, cores (talvez as primárias) e “um pouco de névoa” para ser experimentado pelo público no Pompeia como parte do 17.º Videobrasil, o festival que, realizado pelo Sesc, este ano abre sua mostra competitiva a todas as linguagens artísticas contemporâneas, para além do vídeo. “Meu trabalho é muito efêmero e assim a experiência, proação, é parte central da obra”, afirma o arista, que se diz inspirado por criadores brasileiros como Hélio Oiticica e Cildo Meireles. “Experimentar é também criar algo e no espaço público é uma responsabilidade maior”, continua Olafur.
O labirinto, ele conta, é o “símbolo da sociedade”: coloca, ao mesmo tempo, sobre estar dentro e estar fora. “Quero ser muito cuidadoso com a luz para que ela desperte lembranças e sentimentos de questões abertas nas pessoas.” De 1998, quando participou da 24.ª Bienal de São Paulo, para cá, sua percepção sobre a cidade paulistana mudou muito, tornou-se “menos naïf”, afirma ele.
Fonte: O Estado de S. Paulo